“ Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o
ser, muda-se a confiança,
Todo o mundo
é composto de mudança,
Tomando
sempre novas qualidades.
Continuamente
vemos novidades,
Diferentes em
tudo da esperança,
Do mal ficam
as mágoas na lembrança,
E do bem (se
algum houve), as saudades.
O tempo cobre
o chão de verde manto,
Que já
coberto foi de neve fria,
E, em mim,
converte em choro o doce canto.
E, afora este
mudar-se cada dia,
Outra mudança
faz, de mor espanto,
Que não se
muda já como soía.”
Luís de
Camões
Soía:
costumar, ser comum, ser frequente
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