quarta-feira, 6 de maio de 2015

☆O Menino do Pijama Listrado




Certa tarde, quando Bruno chegou em casa vindo da escola, surpreendeu-se ao ver Maria, 
a governanta da família – que sempre mantinha a cabeça abaixada e jamais levantava os 
olhos do tapete, - de pé no seu quarto, tirando todos os seus pertences do guarda-roupa e 
arrumando-os dentro de quatro caixotes de madeira, até mesmo aquelas coisas que ele 
escondera no fundo e que pertenciam somente a ele e não eram da conta de mais ninguém. 
 “O que você está fazendo?”, ele perguntou tão educadamente quanto pôde, pois, embora 
não estivesse contente por chegar em casa e descobrir alguém remexendo nas suas coisas, 
sua mãe sempre lhe dissera para tratar Maria com respeito e não simplesmente imitar a 
maneira com que seu pai a tratava. “Tire as mãos das minhas coisas.” 
 Maria sacudiu a cabeça e apontou para a escada atrás dele, onde a mãe de Bruno acabara 
de aparecer. Era uma mulher alta, de longos cabelos ruivos, presos numa espécie de rede 
atrás da cabeça; ela estava retorcendo as mãos em sinal de nervosismo, como se houvesse 
algo que ela não quisesse falar ou alguma coisa em que não quisesse acreditar. 
 “Mãe”, disse Bruno, marchando em direção a ela, “o que está acontecendo? Por que a 
Maria está mexendo nas minhas coisas?” 
 “Ela está fazendo suas malas”, a mãe explicou. (...)


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